O resultado foi imediato. Enquanto no ano passado inteiro a Grand Tour vendeu 2.864 carros, uma média de 238 unidades/mês, nos quatro primeiros meses de 2011 foram comercializados 2.234 exemplares, uma média mensal de 558 unidades evolução de mais de 130% nas vendas. A recepção do mercado foi melhor até do que a Renault esperava. Com o pico de 728 carros vendidos em março, a fabricante resolveu investir para aumentar a produção mensal do veículo na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná.
Instantâneas
Ficha técnica
Renault Mégane Grand Tour 1.6 16V
Motor: gasolina ou etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm3, quatro cilindros em linha e 16 válvulas. Ignição eletrônica com acelerador eletrônico.
Transmissão: câmbio manual com cinco marchas à frente e uma à ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 110 cv/115 cv, a 5.750 rpm.
Torque máximo: 15,2 kgfm/16,0 kgfm a 3.750 rpm.
Diâmetro e curso: 79,5 mm X 80,5 mm, taxa de compressão 10,0:1.
Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, com braço inferior retangular, barra estabilizadora e amortecedor. Traseira do tipo eixo flexível, com pontos de fixação exteriores, deformação programada por molas helicoidais e amortecedor.
Freios: a disco nas quatro rodas, com sistema ABS com EBV.
Carroceria: station wagon em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,50 metros de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,46 metro de altura 1,50 metro com barras de teto e 2,68 metros de entre-eixos.
Peso: 1.315 kg.
Capacidade do porta-malas: 520 litros/1.600 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Lançamento no Brasil: 2006.
Ponto a ponto
Desempenho: Chega até ser surpreendente a maneira que o motor 1.6 16V da Mégane Grand Tour move os 1.315 kg da station wagon. Não que o modelo seja um bólido, mas os 115 cv e os 16,0 kgfm de torque do propulsor ficam sempre “ligados” e conseguem fornecer um desempenho bastante satisfatório. Ponto também para a transmissão manual, que conta com engates precisos e curtos, que viabilizam trocas rápidas de marchas. Tal conjunto mecânico permite que o zero a 100 km/h seja feito na faixa dos 13 segundos. Nota 7.
Estabilidade: É um ponto delicado para as stations, por causa da traseira volumosa e pesada. Mas a perua da Renault se mostra um carro bem acertado neste aspecto. A suspensão com boa regulagem e as rodas com 16 polegadas conseguem deixar o veículo na mão do motorista. Em retas, a direção é precisa até os 140 km/h. Nas curvas, existe a tendência de sair de traseira apenas quando o motorista entra com um “ânimo” realmente exagerado. Fora isso, o comportamento dinâmico é bem tranquilizador. Nota 7.
Interatividade: Por ser um carro com projeto relativamente antigo com lançamento no final de 2006 , a Mégane fica atrás de modelos mais modernos. O rádio, por exemplo, só conta com entrada para CD. Não existe compatibilidade com USB e iPod. O sistema de som, pelo menos, tem controles na coluna de direção. A direção é leve, o que favorece as manobras, mas mesmo em velocidades altas é bastante precisa. A caixa de câmbio tem engates suaves e precisos, mas a embreagem da unidade avaliada tinha acionamento um tanto alto. Nota 7.
Consumo: A pequena cilindrada do motor 1.6 do Mégane se reflete no consumo. Com apenas etanol no tanque de combustível, a station wagon da Renault conseguiu a média de 9,1 km/l em trajeto misto. Nota 8.
Conforto: Os bancos de tecido são largos e acolhem bem os cinco ocupantes. O espaço interno também é farto, tanto para pernas como para cabeças. O isolamento acústico é bom. Mesmo em altas velocidades, acima dos 120 km/h, é possível manter uma conversa em tom normal no interior. Nota 8.
Tecnologia: Por ser um carro antigo, não há grandes modernidades entre itens tecnológicos, como um rádio com entrada USB e para iPod ou GPS. Em compensação, o modelo “herda” dos seus tempos de “perua chique” uma boa lista de equipamentos de série, como airbag duplo adaptativo, ABS, chave do tipo cartão, ar-condicionado digital, cruise control e sensores de chuva e de luminosidade. Nota 7.
Habitabilidade: Existe uma oferta razoável de porta-objetos no interior da station wagon da Renault. Os principais se situam no console central, na parte inferior e sob o rádio. As portas são amplas e facilitam o acesso dos ocupantes. Outro grande atrativo, essencial para uma perua, é o porta-malas. São bons 520 litros, que podem ser ampliados para 1.600 litros com o rebatimento dos bancos traseiros. Nota 8.
Acabamento: Mesmo depois de mudar de segmento no mercado brasileiro, a Grand Tour manteve o bom acabamento interno da época que brigava em uma faixa superior. A parte superior do painel é toda revestida de plástico emborrachado. No console central, o material é rígido, mas agrada aos olhos e ao toque. Nota 8.
Design: A Mégane Grand Tour já é um carro com quase cinco anos de mercado brasileiro e, quando surgiu no Brasil, a versão europeia já havia sido renovada. Desde então, não foram realizadas reestilizações, apenas mudanças discretíssimas nas lanternas e faróis. Mesmo assim, o desenho não desagrada. Pode não chamar a atenção nas ruas, mas pelo menos mantém um ar de carro mais caro do que é. Nota 7.
Custo/Benefício: É a atual razão de ser da Grand Tour. Depois do reposicionamento de mercado, a station wagon média ficou com preço de R$ 49.050 e já com uma lista recheada de equipamentos de série. Com isso, se aproxima dos valores cobrados por peruas compactas e menos equipadas, como Volkswagen SpaceFox, Palio Weekend e 207 SW. Nota 9.
Total: A Renault Mégane Grand Tour 1.6 16V somou 76 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Durante boa parte de sua vida no Brasil, a Mégane Grand Tour foi vendida e considerada um carro do segmento médio, com nível de acabamento superior. Agora, sendo comercializada com preço de perua compacta, o modelo se aproveita disso. O visual, por exemplo, até empresta um “quê” de requinte para o modelo. Mas os principais mimos ficam no interior. Além da lista de equipamentos farta para um carro de menos de R$ 50 mil, existem alguns itens incomuns até para veículos mais modernos. O destaque vai para a chave do tipo cartão. É preciso apenas encaixá-la e apertar o botão da ignição enquanto pressiona o pé na embreagem para ligar o motor. O freio de mão com estilo manche de avião também tem acionamento estiloso e inusual.
No habitáculo, também fica evidente o passado “nobre” da Grand Tour. Os materiais usados são de boa qualidade, mesmo os plásticos rígidos do console central. Já na parte superior do painel, apenas materiais emborrachados e de boa sensação ao toque foram empregados. Os bancos não são de couro, mas abraçam bem os ocupantes. O mesmo tecido também fica nas portas.
A boa impressão da perua da Renault continua em movimento. O motor 1.6 16V de 115 cv com etanol parece ser pequeno para mover os 1.315 kg do modelo, mas na prática o desempenho é bem satisfatório. Não que ele inspire uma condução mais ousada por parte do motorista, mas é suficiente para o uso nas cidades. O câmbio manual de cinco marchas também se mostra eficiente, com engates precisos e curtos.
A suspensão é igualmente bem acertada para o cotidiano urbano. Ela tem um ajuste entre o macio e o rígido. Isso significa que supera os buracos com eficiência sem passar insegurança para os ocupantes. Em retas, até a faixa dos 140 km/h não foram necessárias correções na direção. Já nas curvas, a tendência de “jogar” a traseira natural nas peruas graças ao volume extra da parte de trás é bem absorvida pelo bom conjunto. Além disso, a direção é bastante direta e com o peso certo, mesmo em altas velocidades. Comparando tanto em preço como em conteúdo dinâmico e de equipamentos , a Mégane Grand Tour se mostra competitiva em relação às defasadas peruas compactas da faixa de preço semelhante. O crescimento nas vendas mostra que estratégia da Renault em reposicionar a Grand Tour foi bastante precisa e pode proporcionar vida longa ao modelo.
Auto Press
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