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Em meio às comemorações do centenário da fundação da Chevrolet nos Estados Unidos, MotorDream propõe uma viagem pela história da marca no Brasil
por Igor Macário e Túlio Moreira
por Igor Macário e Túlio Moreira
As diferenças entre o mercado norte-americano e o brasileiro deram origem a trajetórias bastante diferentes da Chevrolet nos Estados Unidos e no Brasil. Se a história da Chevrolet dos EUA é simbolizada pelos carrões possantes e beberrões, a General Motors optou por focar nos carros compactos para o mercado nacional, a partir da produção do Opala, em 1968.
Fundada em 1924 em São Paulo, a General Motors do Brasil começou montando, no bairro do Ipiranga, um furgão de entregas urbanas com a marca Chevrolet, a partir de peças vindas de seu país de origem. Em 1930, a GM inaugurou sua primeira fábrica no país, em São Caetano do Sul (SP). No final da década de 1950, a marca começou a produzir a célebre caminhonete Chevrolet Brasil. Mas foi a partir da produção do Opala que a gravata dourada se tornou objeto de cobiça entre os consumidores brasileiros. Confira os 10 destaques da Chevrolet brasileira listados pela equipe de MotorDream.
Veraneio
Ao contrário dos primeiros carros compactos da GM no Brasil, o utilitário esportivo Veraneio tinha DNA norte-americano. O modelo teve vida longa por aqui, sendo fabricado de 1964 a 1994. A inspiração era um clássico da indústria automobilística dos Estados Unidos, o Chevrolet Suburban, considerada por muitos como o pioneiro entre os SUVs. No Brasil, a Veraneio desempenhou um papel ingrato: tornou-se o carro de viatura da polícia justamente na época da ditadura militar. A banda de rock Aborto Elétrico, que surgiu em Brasília no começo dos anos 1980, fez um trocadilho com as cores pintadas na carroceria – preto, branco e vermelho – e as cores-símbolo do Vasco, criando o clássico “Veraneio Vascaína”, que imortalizou o verso “Cuidado, pessoal, lá vem vindo a Veraneio”.
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Opala/Caravan
O Opala já seria considerado clássico pelo simples fato de ter sido o primeiro veículo de passeio fabricado pela General Motors no Brasil. Mas o modelo fabricado de 1968 a 1992 também se tornou um sonho de consumo para muitas gerações de brasileiros. Ao longo de 23 anos de produção contínua, o Opala se tornou um sucesso de vendas em suas configurações sedã e cupê, e também na carroceria perua, batizada de Caravan. O modelo buscava inspiração visual nos Opel Rekord e Commodore e utilizava a mecânica do norte-americano Chevrolet Impala. Com 1 milhão de unidades produzidas no Brasil, o Opala se tornou uma referência de veículos de luxo e ganhou espaço cativo na cultura nacional. Com diversos retoques visuais ao longo de sua carreira, o carro também era bastante cobiçado pelo desempenho de seus motores de 4 e 6 cilindros.
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Chevette
Quando a General Motors decidiu produzir carros compactos no Brasil, precisou buscar inspiração na Opel. A subsidiária europeia já estava acostumada aos veículos pequenos, enquanto a Chevrolet era célebre pelos tradicionais “carrões” nos Estados Unidos. O Chevette era, na verdade, a quarta geração do Opel Kadett – modelo produzido de 1937 a 1940 na Alemanha e retomado no início dos anos 1960. A aposta da GM foi acertada. Mesmo apresentando um acabamento espartano e econômico, o Chevette caiu no gosto do consumidor brasileiro. Lançado em maio de 1973, o modelo se tornou um ícone da indústria nacional principalmente em sua versão sedã de duas portas. Mas o Chevette veio acompanhado de uma família inteira – com direito ao sedã, a perua Marajó e a picape Chevy. Em 1987, o modelo ganhou uma profunda reestilização, que o aproximou do best seller Monza. O último Chevette - uma versão "popular" 1.0 do sedã, batizada de Júnior - deixou a linha de produção brasileira em novembro de 1993.
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Monza
O primeiro ’carro global’ da GM, o Monza foi lançado aqui em 1982, apenas alguns meses após o Opel Ascona europeu, como mais um fruto do "projeto J". O carro foi o primeiro Chevrolet nacional a ter motor transversal e tração dianteira, marcando um enorme avanço tecnológico para a marca. Inicialmente na configuração hatch de três portas, o carro demorou a embalar nas vendas, parte em função do motor 1.6 de apenas 73 cv de potência. Somente após a introdução do 1.8 de 86 cv e do sedã de duas e quatro portas, o carro caiu no gosto popular e começou a aparecer nas garagens brasileiras. Ainda na década de 90, estreou o conhecidíssimo 2.0 que ainda sobrevive, mesmo após muitas modificações, na minivan Zafira. O Monza foi descontinuado em 1996, após também ter convivido brevemente com o primeiro Vectra, para dar lugar à segunda geração do seu substituto.
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Kadett
Lançado no Brasil em 1989, o Kadett marcou o início de um dos mais movimentados segmentos do mercado brasileiro, os hatches médios. O carro incorporava diversas tecnologias também não vistas no Brasil até então, como vidros colados à carroceria e sistema de check-control no painel. As versões GS e GSI viraram objeto de desejo dos jovens, ainda mais na bela versão conversível que chegava a custar o dobro do GSI normal. O Kadett sobreviveu até 1998, mesmo após conviver brevemente em 1995 com a primeira geração do Astra, importada da Bélgica. O Kadett foi substituído somente pela segunda geração do Astra, quando a fabricação passou a São Caetano do Sul.
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Omega
Mostrado em 1992, o Omega ainda é visto por muitos saudosistas como o melhor carro já fabricado pela indústria brasileira. O modelo, na época alinhado com a Europa, trazia o máximo da tecnologia autombilística usada pela Opel, e itens até então não vistos por aqui. Vidros rentes à carroceria e baixo perfil aerodinâmico quebravam radicalmente com tudo o que a Chevrolet nacional fazia e substituía a altura o Opala. Também usou o conhecido 2.0 8V da marca nas versões mais baratas, avaliadas como abaixo do esperado para o porte do carro. Entretanto, os seis cilindros em linha com 3.0 litros alemão de 163 cv ou o 4.1 do extinto Opala, mas com extensas modificações para render 165 cv, deram ao Omega o título de carro nacional mais potente junto com o Fiat Tempra Turbo. O Omega ainda teve uma versão station, a cobiçada Suprema, que reunia as mesmas qualidades numa carroceria familiar. É considerada por muitos a última station grande brasileira. Em 1998 foram vendidas as últimas unidades do Omega nacional, quando foi substituído pelo Holden Commodore australiano renomeado Omega.
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O popular apresentado em 1994 ganhou diversos comparativos na época do lançamento por trazer um sopro de modernidade à categoria que era composta basicamente por versões depenadas dos carros vendidos. O Corsa que chegou aqui já era a segunda geração, e substituiu o já cansado Chevette, que fazia as vezes de popular numa incompreensível versão Junior com motor 1.0 longitudinal. O modelo durou até 2002, quando foi lançada terceira geração do Corsa, também em conjunto com a Europa. O carro cresceu, mas manteve os motores antigos, se dividindo entre um fraco 1.0 e um beberrão 1.8, mas ainda assim, caiu no gosto do brasileiro. Certamente, a Chevrolet jamais imaginaria que aquele Corsa de 1994 sobreviveria até hoje em sua versão sedã e ainda cederia a plataforma para o Agile e sua picape Montana.
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Vectra
A primeira geração do sedã que substituiu o Monza chegou em 1994 com pouquíssimas peças nacionais e um design tímido. Na época, praticamente só o trem de força era produzido aqui, o conhecido 2.0 8V de 116 cv. A segunda geração lançada em 1996 no entanto, se tornou objeto de desejo da classe média brasileira, que ajudou a manter o carro em produção por aqui até 2005, quando foi mostrada a terceira fase do Vectra, já sem ligação com o Vectra europeu. O último carro utilizava uma variação da plataforma da minivan Zafira, além de diversas partes coletadas de outros carros da GM brasileira, e ostentava o visual de nada menos que o Astra sedã europeu. Usou ainda o 2.0 8v com algumas melhorias e chegou aos 140 cv. As primeiras safras ainda podiam vir equipadas com um 2.4 16V com parcos 150 cv e um alto consumo de combustível. Recentemente, o Vectra foi finalmente enterrado e substituído pelo Cruze.
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S-10/Blazer
A S-10 foi lançada em 1995 para inaugurar no Brasil o segmento das picapes médias. A caminhonete tem origem norte-americana e logo fez muito sucesso mesmo com o raquítico motor 2.2 de apenas 106 cv das primeiras versões. Logo surgiram as versões topo com o 4.3 V6 de 180 cv na época. Em seguida, as variantes com cabine estendida e dupla consolidaram a liderança da S-10 no segmento. A Blazer, um dos primeiros SUVs modernos nacionais apareceu logo depois, com as mesmas opções de acabamentos e motores. Em 2000, a primeira versão a diesel com o motor MWM 2.8 litros de 132 cv aliado à tração nas quatro rodas fez a alegria dos que esperavam a picape para usos mais radicais. A S-10 é vendida até hoje e ganhou apenas um face-lift em 2004, mas manteve as características originais inalteradas.
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Astra
O substituto do Kadett desembarcou no Brasil em 1995 vindo da Bélgica para medir a aceitação do público brasileiro. O carro não durou muito, pois apesar do trem de força conhecido, o preço alto e as peças de reposição caras espantaram os consumidores acostumados com a confiabilidade tradicional da Chevrolet. A primeira geração do carro usava o 2.0 8v do Kadett, que era produzido aqui e enviado à fábrica belga para montagem, e depois retornava com o carro pronto. Aquele Astra sequer chegou a ter um modelo 1996. Apenas no fim de 1998, como linha 1999, o Astra retorna ao Brasil já nacional para substituir de vez o Kadett. A segunda geração era atualizada com a Europa e tinha um visual muito semelhante ao Vectra de então. O carro logo ganhou uma versão sedã, sucesso de vendas por aqui. Entretanto, a station europeia nunca foi oferecida para satisfazer os órfãos da antiga Ipanema. Em vez disso, a Chevrolet brasileira preferiu apostar na minivan Zafira, feita sobre a plataforma do hatch. O Astra nacional chegou a viver uma ’pseudo’ terceira geração com o emblema Vectra, numa estranha confusão de nomes e modelos feita aqui. Enquanto isso, a segunda geração do Astra continuava em produção até o encerramento da linha de montagem do carro em 2011.
Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
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